Hoje consegui mandar mais um e-mail para ela. Achei mais um tema que talvez lhe interesse. Quem sabe ela me ache inteligente. Coloquei algumas frases, criei um projeto, na maior cara de pau estou puxando um assunto.
Apesar dos termos técnicos, tudo que eu queria dizer é algo muito mais sentimental.
Queria dizer que desde a minha primeira visão dela minha atenção foi captada. Tá certo que não foi por um bom motivo, afinal, era a pessoa mais estranha entre todas que estavam sentadas no palco.
Depois, eu cheguei e ela estava lá,
contando suas piadas estranhas e depois rindo com aquele sorriso perfeito, com aqueles olhos incríveis.
E tudo passou muito rápido, cada semana eu esperando por mais:
Na segunda, eu ansiosa.
Na terça, eu tinha esperanças.
Na quarta, ou eu me decepcionava ou criava mais ilusões para o resto da semana.
Algumas quintas, ela aparecia, depois descobri qual era a freqüência das quintas. E assim esse ano se foi.
Arrependo-me de não ter tido mais coragem, apesar de várias vezes ter sido como aquela música do Caetano em que diz: “Já cheguei a tal ponto de me trocar diversas vezes por você, só pra ver se te encontro”, o medo me impediu de ir atrás, e, principalmente, me faltou assunto durante situações de nervosismo.
Sim, a primeira vez eu aproveitei a morte de alguém para puxar assunto.
Confesso: culpada.
Precisava chegar, perguntar, puxar assunto, mostrar que eu existia. E acho que me percebeu. Acho que me notou.
Mas, o que eu queria dizer nesse e-mail que mandei hoje é que:
Eu te admiro, te gosto, te valorizo, te quero ao meu lado. Quero que me mostre o mundo pelos seus olhos, quero que me ensine o que você já sabe, o que você conhece.
Não me importo com nada que já passou, desde que a partir de agora você esteja do meu lado.
Não peço notoriedade, não peço demonstrações públicas, pode ser um segredo nosso,
desde que seja nosso.
Queria ter dito que vou sentir sua falta, falta da segurança em saber que vou te ver toda semana. Vou sentir tristeza de não saber por onde você anda, por não ter oportunidade de contato. Vou sentir medo ao pensar se alguém já ocupou o meu lugar, se já apareceu alguém como eu na sua vida.
Mas, vou continuar a sonhar.
Pensar em quando vamos nos encontrar em outra cidade, estado ou país. Você vai me reconhecer na multidão, vai me chamar. Vamos sair para tomar um café, vamos conversar sobre bobeiras, o tempo vai passar rapidamente, e, então, como somos só nós nesse tal lugar, você vai querer saber onde estou morando, talvez me dê uma carona, ou eu te dê.
E quando formos nos despedir, um abraço apertado e o encontro marcado para dali dois dias. E nesse segundo encontro, vamos perceber o quanto de tempo se passou, mas o quanto continuamos nos gostando, nos admirando, nos valorizando. O quanto ainda temos para nos mostrar. E, depois de tanto sofrimento, estaremos finalmente juntas.
Enquanto isso, eu vou procurando alguma forma de continuar perto de ti. E por isso esse e-mail técnico, com dúvidas, sendo algumas delas banais, mas que me dão esperança de te trazer para perto de mim. Espero que você entenda. Espero um dia poder te mostrar esse texto e então poderemos rir de tudo isso, e nos chamar de bobas pelo tempo perdido, mas, finalmente, estaremos juntas.
Tenho esperança.